Por que gosto de música?
por Aline Baroni*
Antes de entrar no mérito da discussão do gosto, gostaria de falar sobre outro ponto sobre música. Até parece simples: por que eu gosto de música? Por que nós gostamos de música? Bem, tem gente que não gosta ou é indiferente... não sei se você, especificamente, gosta. Mas, para mim, ouvir música é existir – apertar o play para a música é como apertar o botão do despertador e, finalmente, acordar, levantar, lavar o rosto e, voilá!, eu existo.
Mas o que eu me pergunto constantemente é: por que diabos isso se tornou tão importante para mim? Como foi que uns “barulhos” se tornaram a razão da minha existência? Ok, exagero. Talvez não a razão da minha existência, mas com certeza um dos principais fatores que moldam, dia-a-dia, meu humor, meu “estar” e, conseqüentemente, eu – e também você, seu vizinho, enfim, todo mundo que a ouve.
E o fato é que eu não tenho resposta. Desculpem. O que tenho são algumas posições (e muitas dúvidas) a respeito.
Por exemplo, acredito que a música seja um elemento contraditório e que, por isso mesmo, é tão importante. Contraditório porque, ao mesmo tempo que representa uma tentativa de individualização, de diferenciação e de isolamento, é também uma busca pelo social, por criar vínculos com meus... semelhantes.
Explico essa epifania: 18:10h, terça-feira, santa cândida/capão raso. Estava me sentindo como uma sardinha no meio daquele monte de gente quando comecei a reparar na quantidade de gente (e que quantidade!) com fones de ouvido (tenho calafrios só de pensar o que eles estavam ouvindo, mas não vem ao caso). Será que a música é mesmo só um passatempo? Não acho. Mesmo o mais esdrúxulo dos estilos (e, como eu disse, não vou entrar no mérito do gosto pessoal), merece seu destaque por interessar para alguém, atrair alguém.
Creio que tem mais a ver com as sensações que a música traz – entre elas, a sensação de que aquilo é único, um momento só seu, sentimentos só seus. Está relacionado ao que Roland Barthes descreveu como punctum, um detalhe que chama atenção e te atrai – para Barthes, na fotografia; para esta crônica, na música. E o punctum é único e está relacionado diretamente às sensações que aquela obra causa em cada um. Além disso, acredito que o punctum referente à música tem muito de valores individuais. Por isso as pessoas gostam de música: pelas sensações que a música traz.
Ao mesmo tempo, a música serve como um código que torna possível, de maneira única, compartilhar com as pessoas de interesses musicais e, conseqüentemente, valores semelhantes aos meus. Por que gosto tanto de conversar sobre música? Por que fico horas lendo sobre o assunto e procurando bandas novas para ouvir? É porque eu quero descobrir novos punctuns e ter o que compartilhar com alguém que me entenda. Quer dizer, que me entenda em partes, já que ninguém entende meu punctum como eu e nenhum outro punctum é tão interessante ou importante como o meu.
Esse ponto de interesse e de atração é responsável tanto por tornar única a minha experiência com a música como por criar uma identidade com os demais.
Meu punctum é egocêntrico e mimado, mas até que é sociável.
Mas o que eu me pergunto constantemente é: por que diabos isso se tornou tão importante para mim? Como foi que uns “barulhos” se tornaram a razão da minha existência? Ok, exagero. Talvez não a razão da minha existência, mas com certeza um dos principais fatores que moldam, dia-a-dia, meu humor, meu “estar” e, conseqüentemente, eu – e também você, seu vizinho, enfim, todo mundo que a ouve.
E o fato é que eu não tenho resposta. Desculpem. O que tenho são algumas posições (e muitas dúvidas) a respeito.
Por exemplo, acredito que a música seja um elemento contraditório e que, por isso mesmo, é tão importante. Contraditório porque, ao mesmo tempo que representa uma tentativa de individualização, de diferenciação e de isolamento, é também uma busca pelo social, por criar vínculos com meus... semelhantes.
Explico essa epifania: 18:10h, terça-feira, santa cândida/capão raso. Estava me sentindo como uma sardinha no meio daquele monte de gente quando comecei a reparar na quantidade de gente (e que quantidade!) com fones de ouvido (tenho calafrios só de pensar o que eles estavam ouvindo, mas não vem ao caso). Será que a música é mesmo só um passatempo? Não acho. Mesmo o mais esdrúxulo dos estilos (e, como eu disse, não vou entrar no mérito do gosto pessoal), merece seu destaque por interessar para alguém, atrair alguém.
Creio que tem mais a ver com as sensações que a música traz – entre elas, a sensação de que aquilo é único, um momento só seu, sentimentos só seus. Está relacionado ao que Roland Barthes descreveu como punctum, um detalhe que chama atenção e te atrai – para Barthes, na fotografia; para esta crônica, na música. E o punctum é único e está relacionado diretamente às sensações que aquela obra causa em cada um. Além disso, acredito que o punctum referente à música tem muito de valores individuais. Por isso as pessoas gostam de música: pelas sensações que a música traz.
Ao mesmo tempo, a música serve como um código que torna possível, de maneira única, compartilhar com as pessoas de interesses musicais e, conseqüentemente, valores semelhantes aos meus. Por que gosto tanto de conversar sobre música? Por que fico horas lendo sobre o assunto e procurando bandas novas para ouvir? É porque eu quero descobrir novos punctuns e ter o que compartilhar com alguém que me entenda. Quer dizer, que me entenda em partes, já que ninguém entende meu punctum como eu e nenhum outro punctum é tão interessante ou importante como o meu.
Esse ponto de interesse e de atração é responsável tanto por tornar única a minha experiência com a música como por criar uma identidade com os demais.
Meu punctum é egocêntrico e mimado, mas até que é sociável.
18 de janeiro de 2011
estado crônico: a alma de minha música
Sou apaixonado por música porque ela sempre esteve por aqui. Desde a aurora do homem, a música entoada pela natureza marcava a passagem desses seres perfeitamente imperfeitos pe
la terra. Contudo, o que sinto pela música vai além da mera companhia.
Sempre me perguntam por que gosto tanto de música. Aí vai minha resposta!
Música para mim não é a construção harmônica de melodias de alguns instrumentos. Música é muito mais que isso. Música é o que me permite sentir, é minha catalisadora e minha catarse. É algo que é capaz de me trazer a sanidade, ou me levar à perdição. Para cada momento que meu caminho de escolhas incertas se mostra torto, há canções que me trazem a realidade... ou me levam ao lúdico. Música não são acordes e harmonias. São sonhos transcritos para a realidade. São sentimentos escondidos por baixo de um véu que pouco esconde quem somos. Não é a toa que para cada dor, alegria, tristeza, raiva, exista alguma música que possa acalentar a alma, apaziguar.
Além do sentir, música é essencialmente notívaga pra mim. Músicas nascem à noite enquanto todos dormem e morre de dia quando o sol nasce. A música exige o silêncio para que ela possa rompê-lo e, infelizmente, não é sempre que o mundo está disposto a ouvir... a noite aceita a música com facilidade, elas dançam juntas, são irmãs e ambas me pertencem tanto quanto pertenço a elas.
Assim, quando matam a música (ou a noite) perto de mim, tiram também partede minha própria vida, minha essência, minha oração e minha alma, pois um mundo silenciado seria inviável de ser habitado.
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