EU QUERO,
EU QUERO,
EU QUERO!
CRISES DE BIRRA SÃO COMUNS ENTRE OS PEQUENOS.
Objetivos:
★ Saber lidar com a birra das crianças
★ Identificar as possíveis causas da birra
★ Identificar as possíveis causas da birra
"Não, você não pode fazer isso". Ao ouvir frases negativas como essa, muitas crianças reagem chorando, gritando, esperneando, se jogando no chão, atirando objetos longe ou na direção das pessoas. É a famosa birra, que apesar de geralmente durar pouco (cerca de 1 minuto), consegue tirar qualquer um do sério. Segundo a pediatra Ana Maria Escobar, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas - FMUSP, em São Paulo, a birra é uma reação ao "não", é a forma que a criança que ainda não consegue se expressar claramente por meio da fala usa para conseguir o que quer. "Ela sabe que não pode, mas não aceita e, então, tenta vencer o adulto pelo cansaço", diz a médica. "Até os 2 anos a criança é puro corpo e o usa para se comunicar com as pessoas e o mundo", completa a psicopedagoga e psicóloga educacional Carmen Silvia Penha Galluzzi Crises de birra podem acontecer em casa, na rua e também no ambiente escolar. Por isso, os professores devem estar preparados para lidar com a situação da melhor maneira possível. A seguir Ana Maria Escobar, Carmen Silvia e a psicóloga e pedagoga Maria Dolores Salgado Alvarez, do Centro Objetivo Baixada Santista - que tem unidades em Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande e São José dos Campos - dão algumas dicas preciosas.
criança faz Abirra quando...
★ ouve NÃO (não pode fazer, não pode ir, não pode comprar etc.)
★ vai pela primeira vez à escola e tem que se separar da mãe
★ precisa dividir o brinquedo com os colegas
★ está com sono ou cansada
★ está indisposta
★ está com fome
★ ouve NÃO (não pode fazer, não pode ir, não pode comprar etc.)
★ vai pela primeira vez à escola e tem que se separar da mãe
★ precisa dividir o brinquedo com os colegas
★ está com sono ou cansada
★ está indisposta
★ está com fome
O que fazer
Segundo a psicopedagoga Carmen Silvia, a birra existe porque há plateia. "A criança percebe que fazendo birra na frente das pessoas ela chama a atenção", diz. O papel do adulto é o de não reforçar esse comportamento, deixando claro para a criança que ela não conseguirá o que quer por meio da birra. A pediatra Ana Maria Escobar recomenda a "desprezoterapia", ou seja, ignorar a criança e deixá-la chorar. Claro, ficando atento para não deixá-la se machucar, porque segundo a médica algumas crianças costumam se debater e bater a cabeça na parede durante as crises. "É impossível conversar com a criança durante a crise, porque ela 'perde os sentidos'. Se você não acudi-la, depois de duas ou três vezes que for ignorada, ela irá parar de fazer, porque verá que aquela estratégia não funciona", explica. Carmen Silvia concorda: "Ao não ceder à manha você enfraquece esse comportamento".
Mas a psicóloga e pedagoga Maria Dolores acredita que na escola é complicado aplicar essa técnica, porque a criança ficará exposta aos olhares dos colegas e à interferência de outros professores e profissionais. Por isso, ela é a favor de retirar a criança da situação (pode ser pegando-a no colo) para tentar acalmá-la e aproveitar para lembrá-la dos combinados da sala. No Centro Objetivo o professor mostra, no início do ano, diversas figuras à turma (entre elas criança chorando, criança se jogando no chão, criança gritando) e explica o que pode e o que não pode. Quando a criança faz birra, o professor mostra o cartaz e diz "a gente já conversou sobre isso, o que a gente combinou? Isso não pode". Para Carmen Silvia vale lembrar à criança que ela sabe falar, portanto não deve fazer birra. "O adulto pode dizer à criança: 'Enquanto você estiver chorando eu não converso com você'", sugere. "Na escola o ideal é dar uma volta com a criança, pois na frente dos outros ela sempre vencerá, já que seu poder de convencimento e persistência é maior. Além do fato de que outros profissionais da escola podem interferir ficando do lado da criança", sugere Maria Dolores, que lembra ainda que o professor (e também os pais) não pode entrar em "jogo de sentimento", ou seja, é preciso deixar claro para a criança que você a ama, mas que não gostou de determinado comportamento dela.
Quando buscar ajuda
Ao perceber que determinado aluno se descontrola e faz birra frequentemente e que não consegue lidar com a situação nem conversando nem usando os combinados, o professor deve chamar os pais para uma conversa. "É preciso perguntar se a criança tem o mesmo comportamento em casa e se há algum fato que esteja provocando as crises, por exemplo, separação dos pais, nascimento de um irmão etc.", orienta Maria Dolores. Após essa conversa é possível saber se a criança precisará da ajuda de um psicólogo. É esse profissional que pode fazer um diagnóstico para saber se será necessário acompanhamento de outros profissionais, como fonoaudiólogo e neurologista, por exemplo.
Quando é normal?
De acordo com a pediatra Ana Maria Escobar, a birra é normal entre 1 e 2 anos de idade, quando a criança ainda não sabe falar e se expressar, embora já entenda o sim e o não, o pode e o não pode. "A partir dos 3 anos não é mais normal, porque ela já pode usar a fala para contra-argumentar", diz. Mas Maria Dolores conta que já deparou com crianças birrentas de até 7 anos. "Isso acontece quando a criança não aprendeu que a birra não funciona, não aprendeu a lidar com a frustração, ou seja, de certa forma foi estimulada a conseguir as coisas na base do berro", afirma. "Quando a criança já sabe falar, a birra passa a ter características de malcriação, pois ela briga de 'igual para igual' com adultos, falando coisas como 'eu mando', 'eu quero', 'é meu', 'eu te odeio' etc.", completa. Para Carmen Silvia o ambiente escolar enfraquece a birra. "Crianças que vão à escola desde pequenas tendem a ser menos birrentas, pois se tornam mais sociáveis e aprendem que precisam seguir regras".
Dica esperta! Na hora de falar "não" para a criança o adulto deve ser seguro e olhar nos olhos dela sem desviar o olhar. "Os pais conseguem fazer isso melhor que as mães, que têm o coração mais mole e ficam com dó ao presenciar o choro sentido", afirma Maria Dolores. |
Fonte: http://revistaguiainfantil.uol.com.br/professores-atividades/101/imprime224837.asp